1 ano de Irlanda

Oi, minha gente! Sei que estou atrasada, mas tem certas datas que a gente não pode deixar passar em branco, não é mesmo? Por isso, resolvi escrever mesmo assim. Afinal de contas, não é todo dia que se completa 1 ANO de vida nova na Irlanda. Foram 365 dias, 4 estações ( muito bem definidas), 12 meses de muito aprendizado.
A data, dia 21 de junho ( 1 mês atrás).
O sentimento? Orgulho de mim mesma e de cada coisa que conquistei e venho conquistando aqui.A decisão de deixar uma vida teoricamente já construída para trás e ter que começar do zero em uma página totalmente em branco não foi fácil. Mas, hoje posso dizer, com toda a certeza, que arrependimento é uma palavra que não  fez parte do meu vocabulário  um dia sequer.

O que mudou? Muito mais do que eu imaginava. Não posso dizer que sou uma pessoa diferente, mas, transformada. Viver num outro país é uma experiência insana de auto-conhecimento, amadurecimento e desconstrução do próprio "eu". 
Quando resolvi sair do Brasil rumo à Ilha Esmeralda, não imaginava que escreveria esse post ainda em terras irlandesas. Mas, como as coisas mudam, (eu contei nesse post sobre a minha decisão de estender minha permanência por aqui) aqui estou. A Irlanda, definitivamente foi um lugar que me recebeu, me abraçou e me conquistou.

Última foto em solo brasileiro em Junho de 2013

Hoje tenho uma vida de verdade aqui, com direito à rotina e acordar cedo todos os dias. Mas encontro tempo para fazer minhas aulas de dança, andar pela cidade, turistar um pouco e sair com os amigos. 
Com a renovação do visto, terei que voltar a estudar inglês, o que para mim não será nenhum sacrifício ( tirando a parte que vou ter que trabalhar menos e ganhar menos por isso), pois, ainda não estou satisfeita com o meu inglês e sei que posso melhorar bastante. 
Até agora foram muitos, encontros, reencontros e despedidas... A única coisa que não me abandona é a saudade de casa que se faz presente nos pequenos detalhes, todos os dias. 
Muita gente me pergunta muita coisa sobre as minhas impressões daqui, se hoje eu vejo Dublin diferente de quando eu cheguei, tem aqueles que já me consideram uma " especialista em assuntos irlandeses". É muita informação, até pra mim, imagina pra vocês?
Por isso, resolvi revisitar um post que fiz  lááá atrás, falando sobre meu primeiro mês de Irlanda, onde enumerei os pontos que julguei mais importantes naquele comecinho, para fazer a comparação um ano depois.

•  No primeiro mês eu achava que, mesmo com as dificuldades, o idioma não estava sendo um desafio. Porém, a partir do segundo mês quando começaram a surgir situações reais do cotidiano como resolver problemas, falar ao telefone ou tentar solicitar um documento no banco ( hein, Prenda?), o inglês meia-boca não serviu e o bicho pegou! Foram momentos de desespero. Agora tá tudo lindo, fui às aulas, pratiquei e hoje consigo me comunicar bem. Não estamos falando de fluência, ok? Ser fluente é outra história.

• Continuo achando que andar com brasileiros não é ruim. Mantenho os amigos do início do intercâmbio e são eles que continuam me dando todo o suporte quando preciso. Juntos fizemos amigos gringos, ajudamos uns aos outros a conseguir emprego e até nos ajudamos com inglês. Outra coisa, ATENÇÃO: que outros amigos, senão os brasileiros, vão te chamar para um churrasco ou uma feijoada? Pense nisso! Quando a saudade bate, nada como sentir o gostinho de casa! 

Brasileirada sempre reunida

• Tirar a documentação não foi difícil e todas às vezes que precisei recorrer à algum serviço público foi bem tranquilo ( apesar de perder horas esperando nas filas). Continuo achando que os procedimentos aqui são um pouco demorados ( abertura de conta, reembolso de taxas, etc.), mas pelo menos tudo funciona.

• Meu primeiro curso acabou em dezembro e sem dúvidas, a dinâmica de ensino aqui é muito melhor. Voltarei a estudar em breve, como falei ali em cima, numa escola diferente e já com um inglês bom, mas, nem por isso estou menos empolgada.

• Facilidade para achar moradia depende da época. Meio de ano ( a época que cheguei) é o melhor período. Muita gente indo embora, outros chegando. Vagas abertas, novas repúblicas. O problema é que no último ano o preço dos aluguéis por aqui disparou e encontrar um bom local com preço razoável virou questão de sorte ( ou de se apropriar da casa dos amigos, como no meu caso). 

•  Emprego tá difícil? Ná epoca que escrevi o primeiro post eu não sabia porque não tinha saído para procurar. Quando resolvi fazer isso, a situação tava feia. Os melhores períodos são final de ano ( novembro/dezembro), por causa das contratações temporárias para o período natalino e no início do verão (junho). Eu consegui dois empregos fixos e de vez em quando ainda faço uns bicos. Quem corre atrás, consegue. E como esse é um dos assuntos que mais interessa o pessoal que tá chegando, eu criei a coluna "Ralando na Irlanda" aqui no blog, onde vocês podem conferir algumas experiências de gente como a gente que busca um pouco de dignidade convertida em preciosos eurinhos! 

•  A cidade é boa de viver? Com certeza, Dublin é sinônimo de qualidade de vida. Se eu pudesse trazer meus pais, irmão e cachorro pra morarem aqui, continuaria pensando em viver aqui pra sempre.

Um raro dia de sol em Dublin

• Sobre o custo de vida aqui, continuo afirmando que isso depende do estilo de vida que você quer levar. Economizar é possível e só depende de você. Dublin não é a cidade mais barata da Europa, mas se você ganha em euro, vai ver que é muito mais em conta viver aqui que no Brasil.

• Encarei numa boa os tempos de chuva, frio e poucas horas de luz, assim como a saudade e todas as outras coisas que tinha muito medo antes de vir pra cá. 

Bom, como vocês podem ver, as impressões não mudaram muito. Mudança mesmo a gente sente na gente. Aprendi a lidar muito melhor com as minhas emoções, e descobri que hoje sou uma pessoa muito mais forte. Além disso, enxergar com os próprios olhos a imensidão do mundo, faz a gente deixar de se importar com as coisas que não acrescentam. Foram 365 dias até aqui, uma vida inteira vivida em um ano. E vamos para o próximo! 

Cheers!