Acabo de voltar do aeroporto com a sensação de ter fechado um ciclo do meu intercâmbio. Em menos de uma semana me despedi das duas pessoas que marcaram o início da minha vida aqui na Irlanda: Bruna e Gabriel. Hoje, tenho muitos amigos feitos aqui, não menos importantes, porém esses dois cabeçudos sempre serão parte das minhas primeiras lembranças aqui na ilha.
Uma das primeiras fotos juntos |
Eu o Gabriel fomos companheiros de viagem antes mesmo de nos tornamos amigos. Lembro de te-lo visto na fila do embarque internacional do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e ter pensado que ele era gringo. Mais tarde, ja no voo, xinguei todas as gerações da família dele quando fui ao banheiro e o encontrei esparramado em 3 poltronas vazias, dormindo o sono dos justos, enquanto eu estava presa entre a janela e um senhor holandês que insistia em puxar uma conversa da qual eu não entendia uma única palavra. Ao chegar em Amsterdam lá estava aquele cara de novo, aguardando mais uma vez na mesma fila que eu com destino à Irlanda. Foi nessa hora que concluí: irlandês, a cara do Colin Farrell ( dai que surgiu o apelido que coloquei nele).
No aeroporto de Dublin, quem é a primeira pessoa que encontro, ao lado de uma plaquinha que trazia nossos nomes escritos juntos? Ele mesmo, o pelotense com cara de irlandês que estava me seguindo desde o Brasil. Nos confundimos com o motorista de táxi dirigindo do " lado errado" e conversamos como velhos amigos até o nosso proximo destino, que por coincidência era a mesma acomodação estudantil. Lá descobrimos que uma menina de São Paulo que deveria ter chegado no mesmo horário que a gente, havia perdido o voo e mais tarde se juntaria a nós . Que chato, ia ser tão bom um apartamento gigante só pra gente. Tarde da noite, que por ser verão aqui ainda estampava no céu um sol digno de praia na Bahia, chegou a Bruna. A empatia foi instantânea, pricipalmente porque mesmo depois de ter perdido um voo, ter feito uma escala a mais e ter tido a mala extraviada, ela tentou, com todas as energias que lhe restavam fazer a internet funcionar no meu computador. Em poucas horas de conversa nos tornamos 3 mosqueteiros. Um não saia sem o outro. Nos perdemos juntos, nos empolgamos juntos e eu e a Bru ouvimos juntas as eternas reclamações de Gabriel.
Os dois tinham o inglês muito melhor que o meu, e foi graças a eles que fui perdendo aos poucos a vergonha de falar as primeiras frases em público num idioma que não era o meu. Sempre que precisávamos pedir uma informação eu ouvia:" Vai você Talita, porque você tem que treinar seu inglês ". Fui obrigada a interagir, em outra língua, com todo tipo de gente e hoje agradeço esse empurrão.
O primeiro banho de chuva, a primeira cerveja ruim, as muitas gafes do início, a primeira viagem... Quando lembro das primeiras semanas, eles dois sempre estão la comigo... Imitando meu sotaque e jurando que eu inventava novas palavras a cada dia.
Nossa estátua favorita durante a primeira trip para Belfast |
Os dois tinham o inglês muito melhor que o meu, e foi graças a eles que fui perdendo aos poucos a vergonha de falar as primeiras frases em público num idioma que não era o meu. Sempre que precisávamos pedir uma informação eu ouvia:" Vai você Talita, porque você tem que treinar seu inglês ". Fui obrigada a interagir, em outra língua, com todo tipo de gente e hoje agradeço esse empurrão.
O primeiro banho de chuva, a primeira cerveja ruim, as muitas gafes do início, a primeira viagem... Quando lembro das primeiras semanas, eles dois sempre estão la comigo... Imitando meu sotaque e jurando que eu inventava novas palavras a cada dia.
Depois, eu a Bru fomos morar juntas e não tão longe do Colin ( tentamos morar juntos, mas não foi possível). Juntos também fizemos novos amigos (alguém aí toma leitê quentê hahaha) e cada um deles trouxe para minha vida mais gente. Percebo que juntos, nós 3 formamos uma grande família , que esteve junta nos momentos mais importantes como aniversários, feriados, refeições coletivas, Natal, ano novo e agora em despedidas... Só tenho a agradecer por ter tido a oportunidade de ter escrito essa história com vocês.
A despedida |
Com a volta deles para o Brasil, sinto que inicio uma nova fase, onde eles estarão presentes nas minhas lembranças, na minha saudade, na amizade e no amor que tenho por ambos. A vida me ensinou a dizer adeus, a entender que apesar de compartilhar nossa vida com outras pessoas, chega um momento em que cada um tem que seguir seu próprio destino. Agora tenho que seguir aqui sem eles, esperando ansiosa pelos reencontros que a vida está nos preparando. Eu aprendi a dizer adeus sim, mas isso não significa que " deixo vocês irem sem lágrimas no olhar..." ( tinha que ter uma breguice no final). Vou sentir muita falta!
lindo text de despedida!!!!
ResponderExcluirVai ter que vir depois em SP visitar a Bruna e eu então! Ahahha A gente não diz adeus, só diz "bota uma cerveja na geladeira que qualquer dia eu tô chegando aí". ;))
ResponderExcluirLindo Talita!!!! Belas palavras!!! Essa amizade foi internalizada e eternizada pela qualidade dos momentos vividos!!!
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